Notícias
Para analistas, manutenção da Selic reforça um BC blindado às pressões
A manutenção da taxa em 10,5% ao ano ocorre após o Copom reduzir a Selic por sete vezes seguidas
Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve os juros básicos, a Selic, em 10,5% ao ano, após reduzir a taxa por sete vezes seguidas. A decisão, segundo agentes do mercado, sinaliza piora no cenário fiscal e que a inflação ainda não está sob controle.
Outro ponto destacado pelos especialistas foi o fato de a decisão pela manutenção da taxa ter sido unânime, o que mostraria que a atuação do Banco Central (BC) de fato é independente, alheia às interferências políticas.
Para Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, a manutenção da Selic em 10,5% ao ano mostra que “a piora recente nas projeções de inflação, bem como o cenário externo adverso, levaram o BC a mudar o plano de voo.”
Ela também destaca a importância do comprometimento da política fiscal para a evolução das expectativas de inflação e, consequentemente, da política monetária.
Sobre os próximos passos, Cristiane diz que o BC sinaliza a necessidade de manter a Selic em igual patamar até que os números de inflação comecem a mostrar melhora mais expressiva.
“A decisão ter sido unânime mostra coordenação entre os membros do Comitê e vai em linha com os últimos discursos que já vinham fazendo nas entrevistas e reuniões”, diz a economista-chefe do Ouribank.
Para Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito (Acrefi), a decisão do Copom foi técnica e expressa, segundo ele, a deterioração de variáveis como inflação e equilíbrio fiscal.
“O comunicado remete a pelo menos três mensagens explicitas ou implícitas: que a missão fundamental da autoridade monetária é trazer a inflação para convergência com a meta; que a calibragem do aperto monetário é instrumento ativo e preventivo; e que o cenário prescreve manutenção da atual taxa de juros por período prolongando”, diz Tingas.
Também para o economista da Acrefi, a decisão unânime reforça a independência do BC, “além de sinalizar determinação da política monetária para enfrentar ruídos políticos.”
Para economistas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a aceleração da inflação e o aumento das incertezas no campo fiscal e no cenário internacional alteraram o balanço de riscos da inflação na direção de uma política monetária mais conservadora.
Em 10,5% ao ano, a Selic está no menor nível desde fevereiro de 2022, quando estava em 9,75% ao ano. De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano por sete vezes seguidas, quando começou a ser reduzida.
Antes do início do ciclo de alta, a Selic estava em 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica iniciada em 1986.
Por causa da contração econômica gerada pela pandemia de covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.
Links Úteis
Indicadores diários
Compra | Venda | |
---|---|---|
Dólar Americano/Real Brasileiro | 6.1778 | 6.1784 |
Euro/Real Brasileiro | 6.4185 | 6.435 |
Atualizado em: 30/12/2024 19:03 |
Indicadores de inflação
09/2024 | 10/2024 | 11/2024 | |
---|---|---|---|
IGP-DI | 1,03% | 1,54% | 1,18% |
IGP-M | 0,62% | 1,52% | 1,30% |
INCC-DI | 0,58% | 0,68% | 0,40% |
INPC (IBGE) | 0,48% | 0,61% | 0,33% |
IPC (FIPE) | 0,18% | 0,80% | 1,17% |
IPC (FGV) | 0,63% | 0,30% | -0,13% |
IPCA (IBGE) | 0,44% | 0,56% | 0,39% |
IPCA-E (IBGE) | 0,13% | 0,54% | 0,62% |
IVAR (FGV) | 0,33% | -0,89% | -0,88% |